Daniel Castro, R7
Ó Paí, Ó é um daqueles seriados de TV, filhotes de cinema, que se saem melhor do que o filme que os gerou. Isso já aconteceu com Antônia (2006). Mas não é regra. Com Carandiru foi o contrário. A série Carandiru – Outras Histórias (2005) não chegava nem aos pés do filme de Hector Babenco que a inspirou.
A estreia da segunda temporada de Ó Paí, Ó, ontem à noite na Globo, no entanto, revelou um programa que trocou a piada pela agressão.
As agruras de um grupo de moradores de um cortiço do Pelourinho, em Salvador, se transformaram em um editorial contra as igrejas evangélicas. A graça que existia nas tiradas de humor sobre os conflitos entre evangélicos e adeptos do candomblé deu lugar a uma piada repetida em série. E piada repetida à exaustão perde a graça.
No episódio, o cortiço do Pelourinho treme justamente quando Roque (Lázaro Ramos), o protagonista, ensaia sua nova música, que inscreveu em um festival. Eis que aparece Queixão (o ótimo Matheus Nachtergaele), o vilão do seriado, o bandidão, na pele de um pastor impostor. Apontando um arma, Queixão (agora bispo Moisés) expulsa e rouba o pastor da área e funda no cortiço a Igreja do Tfazendo um programa em que o vilão é um padre pedófilo. Pegaria pesado, não?
Aparentemente, até Ó Paí, Ó entrou na guerra entre a Globo e a Record e a Igreja Universal do Reino de Deus.
remor Divino. E passa a equipar a igreja a preços superfaturados.
Está dada a deixa para uma série de situações que os evangélicos, provavelmente, não acharam a menor graça. Há um festival de piadas sobre o dízimo. Tem até uma faixa na linha “Deposite aqui o seu dízimo”. Tentam cobrar dízimo até sobre o prêmio que Roque ganhou no festival de axé.
A crítica à mercantilização da fé, que era sutil na primeira temporada, tornou-se escrachada, agresssiva. Você discorda? OK. Então agora imagina uma rede de TV
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